CRÍTICA À TEMPORADA FINAL DE THE 100
- Crítica de Séries
- 3 de out. de 2020
- 5 min de leitura

The 100 sempre foi uma série brilhante. Passada num mundo pós-apocalítico talvez tenha sido a série de sobrevivência mais interessante que já existiu.
Ao longo de tantas temporadas pudermos observar uma evolução enorme de todos os personagens, e as inúmeras batalhas travadas pela humanidade com o único intuito de sobreviver.
O enredo nunca deixou a desejar, sempre tivemos muita emoção na série e reviravoltas incríveis. E acompanhamos com muita torcida a nossa galera da Arca conseguir se manter junta e viva (apesar de muitas mortes dolorosas ao longo da série).
A 7ª temporada estreou no dia 20 de maio de 2020 com altas expectativas e muitos mistérios a serem resolvidos. Para quem não se lembra, os pais de Jordan (Monty e Harper) se sacrificaram para conduzir os remanescentes da raça humana a um planeta novo, o Sanctum. Chegando lá, se depararam com mais humanos que utilizavam um mind drive para viver eternamente e logo os desmascararam e de uma certa forma tomaram o planeta para eles.
No entanto, existia uma tal de “anomalia” onde as pessoas desapareciam, e, nessa temporada, pudermos ver que na verdade era um buraco de minhoca que conectava e transportava as pessoas entre planetas.
Descobrimos também que Sanctum não era o único planeta habitável, e que havia Bardo povoado por outra nave Elligius, e, a Terra, voltou a ser habitável, tanto que a galera da arca ao final do último episódio passou a viver lá.
Enfim, eram muitas expectativas e muitas questões a serem resolvidas em apenas 16 episódios. Além disso, tinha a questão do controle de Sanctum que estava ameacado pelo Sheidheda, os mistérios envolvendo o buraco de minhoca e os Bardonianos (Discípulos de Shepherd) com seus objetivos de transcendência.
O começo da temporada mostrou o que aconteceu com Dyoza e Octavia ao entrar na anomalia e a criação de Hope em um planeta totalmente desconhecido. Conhecemos também os Discípulos de Sheperd, liderados por Cadogan, mais um terráqueo que veio de uma nave espacial Elligius para povoar um planeta novo. E não diferente dos Primes, também era um fanático obcecado por uma suposta Guerra final que libertaria a raça humana.
Vimos, ainda, Sheidheda tomar Sanctum e os filhos de Gabriel morrerem. Dyoza e Octavia serem capturadas pelos Discípulos de Cadogan e Hope unir-se a Echo e Gabriel para salvar a mãe, a tia e Bellamy que havia sido levado pelos bardonianos.
Por mais emocionante que a season 7 tenha começado, a temporada foi inconstante e causou indignação dos fãs em diversos momentos.
O produtor Jason Rothenberg deixou claro várias vezes que THE 100 não era sobre finais felizes, e, sim, uma série de sobrevivência. Com essa justificativa o executivo sustentou a morte inesperada de um dos personagens principais, Bellamy, com as seguintes palavras em seu Twitter:
“Por 7 temporadas The 100 tem sido sobre as coisas ruins que a humanidade faria para sobreviver e o pedagio que essas ações cobrariam das almas dos nossos heróis.
Nós sabíamos que a morte de Bellamy teria que ir ao coração do que significa o show: sobrevivência. Quem você está disposto a proteger. E quem você está disposto a sacrificar.
A perda dele é devastadora, mas sua vida e seu amor eterno pelas pessoas vai parecer grande e afetar tudo que vier depois, até o final do último episódio.
Agradecemos Bob pelo seu lindo trabalho durante todos esses anos e desejamos a ele tudo de melhor em seus futuros esforços”
Com toda certeza a revolta causada pela morte do personagem da maneira que aconteceu, inutilmente e sem plausibilidade, foi enorme nas redes sociais:



Apesar da morte sem sentido de Bellamy (pois não havia nenhuma necessidade de Clarke atirar no coração para atrasá-lo, sendo que nem pegou o livro de Maddie), na tentativa de resgatar a moral com os fãs, que também já sofreram anos atrás com a morte da querida personagem Lexa, a mesma, retornou para o episódio final. Bem como a também querida Abby. Dessa forma, a produção ganhou alguns pontos com seu público, depois de ter perdido muitos com Clarke matando seu melhor amigo.


No episódio final a humanidade se debate entre a transcendência ou extinção. Apesar do episódio ser nomeado “A última guerra” não havia guerra alguma e Jordan e Gabriel estavam certos o tempo todo: era tudo um grande teste.
Contudo, algumas questões ficaram abertas. Quem era aquele ser superior responsável pelo teste e por decidir o destino de toda a raça humana ? No que consiste exatamente a transcendência ? Por que Becca se recusou a fazer o teste ? Será que foi a destruição da humanidade que ela viu e se assustou dizendo que as pessoas não estavam prontas ?
Resumir TUDO que os personagens passaram para sobreviver em um ÚNICO teste pode ser considerado poético, mas nao é aceitável. Tantas guerras e lutas para encontrar um lugar melhor e tudo se resumiu a um teste, inicialmente reprovado por Clarke, e depois tomado por Raven e bem-sucedido nos leva exatamente aos questionamentos feitos por Clarke quando passava por ele. Quem são aqueles seres superiores e por que eles tem o direito de decidir o destino da humanidade através de um único teste com uma pessoa aleatória, que, convenhamos, não era a melhor pessoa para fazer o teste.
Seria a mesma coisa se trouxéssemos essa questão para a vida real e avaliarmos um aluno por causa de uma única prova. Seria isso justo ? Onde que esses seres superiores seriam realmente superiores se iriam cometer genocídio e exterminar a raça humana simplesmente por uma pessoa que não foi a escolhida por todos ter reprovado no teste?
No final das contas, Bellamy e o lunático Cadogan estavam certos sobre a transcendência. No entanto, ambos morreram e não tiveram seus finais felizes. Bem como Abby, Lexa, Lincoln, Marcus e tantos outros personagens genuinamente bons que morreram ANTES de ser iniciado o teste final e não vão encontrar paz, simplesmente não existirão mais.
Assim, esse arco narrativo da Series finale de The 100 ficou extremamente confuso e deixou inúmeras pontas soltas, bem como uma sensação de perplexidade em saber que o teste final era real (Bellamy não estava louco) e que os personagens que morreram não encontraram paz, logo, a ideia do May we meet again (Que nos encontremos de novo) não existe! Só aqueles que transcenderam depois do teste final, o que não deixa de ser absurdo, é que se encontrarão de novo e ninguém que perdeu a vida antes desse manjado teste evoluiu para o plano superior
Entretanto, mesmo com esse mal explicado teste e aniquilação da raça humana, depois de 7 temporadas de muitas mortes de personagens queridos, foi um verdadeiro alívio saber que, em sua maioria, todos tenham conseguido sobreviver, até porque pelo que nos parece a transcendência mais aparenta uma morte do que outra coisa.
Esse final feliz dos personagens da Arca que escolheram não transcender para viver uma vida simples, humana e única (sem eternidade), e ficar juntos da amiga Clarke que por tantas vezes se sacrificou por eles agradou grande parte dos fãs, podendo assim ser considerado um final quase que feliz. Lição de moral: amizade.
Todavia, nos parece que até momento não houve uma reflexão do público de The 100 sobre o que esse final significou. Depois de anos lutando pela sobrevivência a raça humana foi extinta, não existirá mais descendência como deixou bem claro Lexa (ser superior) a Clarke ao dizer que transcendência era uma escolha e seus amigos escolheram não transcender e voltar para a Terra. Assim, tudo que foi feito na série levou ao fim.
Logo, de may we meet again, passamos a Yu Gonplei Sten Odon (sua luta acabou)!
The 100 fará muita falta !

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