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CRÍTICA AO FINAL DE BLINDSPOT - 5ª Temporada

  • Foto do escritor: Crítica de Séries
    Crítica de Séries
  • 27 de jul. de 2020
  • 4 min de leitura

A série Blindspot chegou ao fim no último dia 23 de julho, trazendo o seu 100° episódio ao ar, após cinco anos de exibição.


A quinta temporada continuou o arco narrativo da quarta, e, em seus singelos 11 episódios trouxe um desfecho para a luta dos agentes do FBI contra a cruel terrorista Madaleine Burke, e sua comparsa Ivy Sands do grupo extremista Dabbur Zan.

Inicialmente empolgante, Blindspot trazia um ar de mistério das comuns séries policiais, com um incremento de engenho, pois as enigmáticas pistas deixadas pelas tatuagens episódio por episódio eram exatamente inteligentes e emocionantes de se acompanhar, dignas de maratona.

Blindspot sempre foi uma típica série de inteligência americana sobre casos do FBI, assim como a já encerrada Quântico, onde os personagens, vulgo agentes secretos, combatiam ataques terroristas constantemente.


O excitante começo, contudo, chegou ao fim. A série foi inicialmente baseada nas tatuagens de Jane Doe (Jaime Alexander), e o mistério por traz delas, que, não diferente de todas as séries que envolvem as populares organizações internacionais FBI e CIA, acabou por ser o terrorismo e seus desencadeamentos. A diferença aqui nessa série era justamente a massiva engenhosidade que os roteiristas desenvolviam para cada pista relacionadas as tatuagens. Analogias muito bem trabalhadas e coerentes fundos históricos foram os fatores que fizeram a diferença e atraíram o público para começo de conversa. Quem aí não achava incrível a Patterson decifrando todos os códigos possíveis e imagináveis ?

No entanto, mesmo com esse toque de inteligência, após o Team desvendar as primeiras tatuagens, os roteiristas decidiram introduzir uma segunda leva delas, o que acabou soando meu repetitivo e fez a série perder seu rumo narrativo. Assim, terceira e quarta temporadas tiveram baixa audiência e muitos telespectadores abandonaram o show devido a confusão e senso de repetitividade gerado.


A quinta temporada, porém, conseguiu de alguma forma resgatar as raízes de seu começo emocionante. Não mais focada em desvendar as tatuagens de Jane Doe, Weller e seu time agora buscam redenção e um retorno às suas antigas vidas ao tentar parar a vilã Madeleine e o grupo terrorista Dabbur Zan, impedindo-os de perpetuar o mal, objetivo maior de qualquer terrorista.


Os 11 episódios finais foram eletrizantes, uma real corrida contra o tempo com direito a muita ação estilo gun fight, pistas desvendadas graças aos melhores e mais inteligentes personagens da série Patterson e Rich, e um roteiro satisfatório que conseguiu agradar aos fãs até o último episódio e prender a atenção do público em geral.


No final, como já era esperado, o time conseguiu vencer os terroristas, mas, foram desligados do FBI permanentemente, ou seja, seus objetivos de retorno às atnigas vidas não se concretizou. No entanto, o showrunner Martin Gero resolveu surpreender completamente os telespectadores encerrando a trajetória da personagem principal vivida pela atriz Jamie Alexander de maneira trágica. Assim como o primeiro episódio da série, Jane acaba dentro de um saco, no meio da famosa Times Square (Nova-Iorque), só que dessa vez, morta.


A ausência de final feliz para esse série onde os personagens penavam, mas, ao final, sempre conseguiam vencer a batalha contra o mal teria sim sido muito surpreendente se o próprio criador da série Gero não tivesse declarado o seguinte em entrevista ao Tv Guide:


Cabe a você escolher. Quero dizer, acho que para mim ficou bem claro o que acontece. Mas, o mais incrível é que ele foi projetado para ser um teste de Rorschach. Você vê o que você quer. E isso tem sido incrível. Tipo, metade das pessoas realmente pensa: ‘Oh, ela morreu em Time Square’, e metade das pessoas pensa: ‘Oh, isso é apenas uma lembrança ou apenas uma possibilidade imaginada que ela está passando na cabeça”.


O produtor deixa claro em sua fala que a intenção dele era que as pessoas acreditassem que Jane realmente morreu. Afinal, não é incomum vermos heroínas nas telas se sacrificando pelo bem maior. Mas, a maioria dos fãs preferiu não acreditar na morte da personagem principal e recebeu com indignação o desfecho escolhido. Assim, Gero deixou aberta a possibilidade para interpretação, em uma tentativa de agradar todos os públicos, o que geralmente não funciona. Finais duvidosos trazem uma sensação de inconclusão na maioria das vidas e nunca são satisfatórios.


Para nós do Crítica está claro que a personagem principal morreu, assim como para o criador da série, até porque mostra claramente a reação de Jane, o choque emocional, através da boa interpretação da atriz Jamie Alexander ao lembrar-se de sua morte. Assim, não há margem para interpretações diversas, mas, o criador do show, temendo represálias, entendeu por bem alimentar essa “versão” criada por fãs, ao invés de sustentar a narrativa final escolhida.


A ambiguidade foi criada pelos próprios fãs que consideram a morte de Jane incoerente, e com razão. Após cinco temporadas de muita luta da protagonista contra o mal, inclusive travando batalhas internas, já que a mesma era integrante de um grupo terrorista e sua saga constante sempre foi ser uma pessoa melhor e se desvencilhar do seu passado escrevendo um diferente futuro, o desenlace da trama não foi favorável.


Com a morte de Jane não sabemos ao certo o que realmente aconteceu com os demais personagens, já que aquele grande almoço em família em Colorado/EUA nada mais era do que uma visão pré ou pós morte da protagonista. Assim, se o próprio criador da série tem sua consciência limpa de que Jane morreu, o que realmente aconteceu com os demais personagens ? Essa é apenas uma das questões não resolvidas, por isso o final não consegue ser satisfatório e, justamente por isso os fãs criaram essa teoria de ambiguidade, para fazer algum sentido maior disso tudo.


Dar a personagem principal uma morte heroica depois de tudo que ela construiu e evoluiu pode ter parecido aos produtores em um primeiro momento como um final digno e poético, mas, as pontas soltas deixadas por não vermos os desdobramentos deste desfecho escolhido na vida de todos os outros personagens não é algo tão lírico, muito menos impressionante, e, sim, apenas a intenção frustrada de um roteiro incongruente.

 
 
 

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